sábado, 16 de janeiro de 2010

Eu vivo.

Marcas que ficam, como ondas que batem na falésia íngreme de uma vida. Ondas que batem, de sete em sete, com a raiva e a fúria de vencer a interminável batalha de ser. Constantes investidas que, por mais não seja, desgastam na regularidade daquele metrónomo preciso da maré. Ondas que levam, outras que trazem no ritmo monótono que nos faz deixar de pensar. Por instantes sou Caeiro, sinto sem pensar, sou aquelas ondas. Mas as ondas não param de bater e desgastar, levam consigo mais um pouco de mim.

Julgamos um mundo de aparências sem nos olharmos, sem olharmos o nosso próprio reflexo naquelas águas impetuosas. Aquele mar que não distingue e que marca o ritmos de todos nós, sem excepção. Perdemos a noção de amar e deixamo-nos engolir por aquele ritmo sonolento.

Eu não. Não quero ser mais um, não quero viver à espera da onda certa, na espera infinita de que o mar me engula sem piedade. Se posso, luto. Não deixarei nada por fazer. Viver é aproveitar cada momento de que dispomos, cada batida daquelas ondas que nos levam aos poucos. Fazer com que também elas deixem um pouco de si e, pouco a pouco, deixar a minha marca, singela, mas única, naquele vasto e imenso oceano que é a Vida.